Ontem assisti a “Alice no País das Maravilhas”, do Tim Burton, em 3D. Nessa primeira semana desde a estreia, eu havia ouvido tantas opiniões diferentes, especialmente negativas, a respeito do filme, que fui ao cinema sem nem saber o que esperar. Já sabia que o diretor havia viajado bastante (o que não me surpreendeu) e que certas coisas haviam decepcionado os fãs da história original. Acabei encontrando um filme quase de ação, bem diferente do esperado pelo público em geral.
Mesmo assim, não considero o filme um absurdo ou uma aberração. Na verdade, há vários pontos positivos, a começar pelos maravilhosos vestidos que Alice desfila. As paisagens também são lindas e as criaturas bizarras de Underland (não Wonderland, como originalmente) são muito bem feitas. Os numerosos personagens não aparecem tanto quanto poderiam, o que dá a sensação de que alguns só passam para marcar presença. Mas algumas vezes isso é o suficiente, como acontece com Absolem, a lagarta dublada por Alan Rickman (O Snape de Harry Potter) que participa de duas ou três cenas e consegue demonstrar sua sabedoria, com uma pequena grande ajuda da poderosa voz do ator. O Gato, dublado por Stephen Fry, é misterioso, assustador e adorável ao mesmo tempo. O Chapeleiro Maluco interpretado por Johnny Depp é bastante emocional e amigável. Não deixa de ser uma criatura estranha, portanto cai muito bem para o ator, que parece ter uma queda por esse tipo de personagem. A cena em que ele, a Lebre e o Gato “tomam chá” com Alice é uma das melhores do filme, talvez pelos diálogos desconexos e lições de moral doidas passadas pelo Chapeleiro. Helena Bonham Carter incorpora a Rainha Vermelha, e sua cabeça gigante nem chega a parecer algo tão absurdo dentro da história. Anne Hathaway aparece pouco como Rainha Branca, personagem que eu na verdade não consegui entender muito bem. Ao mesmo tempo em que ela é “boazinha”, parece não gostar tanto assim da pessoa que é forçada a ser. Há ainda os gêmeos gordinhos e atrapalhados Tweedledee e Tweedledum, a corajosa e meiga Dormouse e o Coelho Branco sempre com seu relógio. E Mia Wasikowska, até então praticamente desconhecida do grande público, acabou combinando bem com a protagonista. Com seu rosto meigo, cabelos loiros e olhos escuros, ela passa uma certa curiosidade ingênua característica da Alice original.
Mas o filme – sempre é bom lembrar – não se propõe a ser uma refilmagem do desenho da Disney ou uma releitura do livro de Lewis Carroll. É uma história nova, na qual Alice retorna ao País das Maravilhas 13 anos depois (embora não se recorde com precisão da primeira vez, que acredita ter sido um sonho) e encontra o lugar devastado pelo domínio da malévola Rainha Vermelha. A mensagem passada acaba sendo de que nada é impossível e todos são, no fundo, um pouco doidos.
No fim, o pior do filme é mesmo a música cantada por Avril Lavigne nos créditos. Soa como se não tivesse sido feita para a voz dela, que parece gritar o tempo todo. Por sorte, durante o filme a trilha sonora é instrumental, e ótima.
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